Ensino Baseado em Problemas

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Controle dos Casos Clínicos

Clínica de Precisão


A instabilidade é o maior problema da Ortodontia.
O profissional pode aceitá-lo como um problema intransponível
ou manter o pensamento crítico em busca da solução para melhorar sua técnica.
Nos dois casos ele estará certo.


Introdução


Os recentes avanços tecnológicos e científicos (internet, bases de dados, inteligência artificial na ortodontia) modificaram o processo de cuidar das pessoas, exigindo novas atitudes, condutas e competências por parte dos profissionais. Neste cenário, apenas o treinamento técnico tem se demonstrado insuficiente para atender as atuais exigências clínicas e legais relacionadas à moderna prática clínica.


A sociedade, mais informada, em uma época de recursos escassos, evita fazer investimentos quais não resultem em desfechos positivos (ex. um tratamento ortodôntico que recidiva) e em breve não hesitarão em buscar seus direitos por meio do sistema judiciário . Estes motivos (ineficiência técnica e responsabilidade legal) são suficientes para que os profissionais fundamentem suas intervenções nas melhores práticas clínicas, ou seja, aquelas baseadas em evidências científicas.


Terminar casos ortodônticos estáveis é um benefício para o paciente e uma evidência da qualidade técnica do profissional, pois reflete, além do posicionamento correto dos dentes (alinhamento e nivelamento) nas respectivas bases ósseas, o relacionamento funcional entre os arcos dentários (estático e dinâmico). Também indica que o conjunto de intervenções praticadas respeitou o equilíbrio miofuncional (respiração, deglutição e fonação), bem como que possíveis desequilíbrios emocionais (hábitos) ou de saúde geral (desvios, patologias) foram devidamente diagnosticados, tratados ou controlados.


Movimentar dentes não representa um grande desafio para o profissional, pois requer apenas o conhecimentobásico sobre biomecânica, considerando que os tecidos vivos (osso e conjuntivo) respondem aos estímulos aos quais são submetidos. Já a estabilidade do caso tratado, esta sim depende de um profundo conhecimento sobre biomecânica, anatomia e biologia do crescimento craniofacial (diagnóstico e prognóstico).



Estabilidade como requisito de qualidade - Usamos na clínica o protocolo de estabilidade como um diferencial de mercado. Pactuamos em contrato a estabilidade como responsabilidade do profissional e não do paceinte. Nessas condições o paciente opta pela clínica como serviço de preferência, pois a segurança do resultado é um importante fator para tomada de decisão do consumidor de serviços de saúde.


Não é difícil compreender que os recursos mecânicos dos aparelhos ortodônticos e ortopédicos, seja qual for a técnica, geram forças sobre tecidos vivos; estes fisiologicamente respondem de acordo com o tempo e intensidade dos estímulos, com ações de reação, reparação ou dano. Desse modo, levar os dentes para determinadas posições é apenas o resultado da aplicação da força ortodôntica. Logo, a resposta aos estímulos biomecânicos é certa, porém a manutenção dessas respostas, não.


Apresentação do Problema


Se você como profissional pudesse escolher entre terminar seus casos estáveis ou com necessidade de uso indefinido de contenção para manter os resultados do tratamento, qual sua opção? Se a escolha foi pela primeira opção, então por qual motivo insistimos em usar técnicas que geram casos instáveis?


Discussão


A instabilidade dos tratamentos ortodônticos está relacionada, em parte, com a base de conhecimento sobre a qual as intervenções são realizadas, pois a técnica nunca será melhor que a informação que a baseia. Nesse aspecto tempos um grande problema.


Grande parte das intervenções clínicas na área da saúde ainda carecem de fundamentação científica. Estima-se que apenas 35% destas sejam fundamentadas em estudos de elevado rigor. Esta realidade não é diferente para a especialidade de ortodontia. Vários sistemas propostos para o diagnóstico não possuem metodologia adequada, bem como muitas técnicas ortodônticas ofertadas no mercado nunca tiveram teste de eficácia para validar sua aplicação.


Por qual motivo técnicas pouco eficazes são utilizadas na ortodontia?


Muitas das informações transmitidas em congressos e publicações são baseadas em experiências (casos clínicos), impressões (na minha clínica funciona) e habilidades (treinamento técnico). Este tipo de conheciemnto, muito mais próximo de uma opinião, não é capaz de apreender a verdade sobre determinado fenômeno (ex. um novo sistema de braquetes é superior àquele existente no mercado?). Somente o métdo científico quando aplicado à clínica (prática clínica baseada em evidências) permite elevar a eficiência das intervenções.


Influenciado pelo mercado em aceitar certo conhecimento como verdadeiro ou por argumentos de autoridade (opiniões de especialistas, lives, dicas em redes sociais), muitos profissionais passam a adotar nas suas práticas uma série de procedimentos sem validade científica, assumindo então o risco de que poderá causar danos ao paciente (iatrogenia, recidiva).


A comodidade de o profissional instalar contenção para assegurar artificialmente a estabilidade do caso tratado gera a falsa impressão de que seus casos são bem finalizados e controlados. Entretanto, o que o profissional não percebe é a perda discreta de pacientes.


Audio-conteúdo

Por que os profissionais acreditam que suas técnicas são eficientes?


Um profissional que utiliza contenção tem convicção que seus pacientes estão satisfeitos como os resultados dos seus tratamentos. Vamos refletir se isto é uma verdade. Na sua clínica, qual o percentual de retratamentos atendidos, oriundos de outros profissionais? 20% ou 30%? Pois bem, então por qual motivo os pacientes procuraram seus cuidados ao invés de retornaram ao profissional de origem para retratar? Provavelmente porque perderam a confiança e não acreditam que uma nova intervenção na mesma clínica poderá resultar em um melhor desfecho. Neste caso, o profissional que realizou o tratamento continua acreditando que os seus tratamentos são bem sucedidos, pois não existe controle no pós-tratamento, logo o profissional não sabe se a contenção mantem-se em adequado estado ou ocorreu falha. Você realmente acha que na sua clínica é diferente?



Controle de tratamento - Um conceito fundamental da prática clínica baseada em evidências diz que o que não se mede não se controla. Clínicas não são ambientes de pesquisa, mas estabelecimentos comerciais. Por esse motivo torna-se inviável controlar o pós-tratamento de todos os pacientes atendidos.


Muitas técnicas costumam ser aplicadas na rotina clínica de modo incipiente e intuitivo, perpetuando práticas nem sempre eficazes. Neste sentido, emerge a necessidade do desenvolvimento de pesquisas científicas para comprovar a efetividade das intervenções, bem como da educação do profissional para a adequada interpretação dos resultados destas.


De fato, apenas a evidência científica pode ser utilizada para fundamebtar intervenções clínicas com menor margem de erro, e a aplicação desta é recomendação consensual de entidades nacionais e internacionais, como universidades, organizações para a saúde, Ministério da Saúde do Brasil e conselhos de classe.


Como as evidências clínicas contribuem para a eficácia das intervenções?


A Prática Clínica Baseada em Evidências é o elo entre os resultados das pesquisas científicas e a aplicação clínica destas, tem por objetivo tornar possível tomar decisões no consenso das informações mais relevantes. Trata-se de um conjunto de estratégias que associa os princípios de epidemiologia aos recursos de informática sobre as bases do método científico para assegurar que o cuidado individual prestado ao paciente seja baseado sobre a evidência científica mais atualizada, resultando no melhor desfecho possível para o paciente.


A ortodontia baseada em evidências assume como premissa básica a aplicação dos resultados de pesquisas científicas para fundamentar as intervenções clínicas, pois o método científico assegura que as impressões pessoais não interfiram na interpretação dos fenômenos, como, por exemplo, o motivo pelo qual uma técnica de tratamento é superior à outra.


São os resultados dos estudos de alto nível que geram as evidências científicas, isto porque são desenvolvidos por meio de um método próprio para investigar a verdade sobre os fenômenos (ex. administrar suplemento de cálcio durante o tratamento ortodôntico reduz o risco de reabsorção radicular?). Logo, nem tudo que está publicado constitui conhecimento para aplicação clínica.


Mehores Práticas

As evidências científicas são estratificadas hierarquicamente segundo o rigor do estudo que a produziu. Para cada nível de evidência existe um Grau de Recomendação Clínica correspondente. Recomenda-se que o profissional sempre verifique o nível da informação que está consumindo, pois sua técnica nunca será melhor que a informação que a fundamenta.



O fato de uma informação esta publicada na froma de um artigo, apresentação em congresso ou nas redes sociais não assegura que se trata de um conteúdo validado cientificamente. Para aumentar a eficiência da sua clínica é importante que o profissional observe qual o grau de recomendação que se as técnicas adotadas na sua prática possuem.


Por que informações de baixo nível de evidências favorecem recidivas?


Recidivas não acontecem ao acaso, mas são resultado da qualidade dos princípios empregados para fundamentar as intervenções clínicas de diagnóstico, prognóstico e tratamento. Na especialidade de ortodontia, quatro amplas fases devem ser adequadamente embasadas em altos níveis de evidência para que o profissional possa desempenhar as melhores práticas:

1. Realizar o correto diagnóstico e não intervir apenas sobre sinais clínicos;
2. Dominar o conhecimento sobre bioengenharia e crescimento craniofacial;
3. Planejar uma eficiente biomecância com técnicas validadas;
4. Estimar o prognóstico individual (odontologia de precisão).


Vídeo-conteúdo


Odontologia de precisão - Metas de tratamento baseada na média de populações sempre incorrerão numa margem de erro contribuíndo para a estabilidade dos casos tratados.


Odontologia de precisão é o conceito mais atual resultante de todos os avanços científicos e tecnológicos. Trata-se de uma prática que busca oferecer intervenções individualizadas para cada paciente, considerando características genéticas, epigenéticas e influências ambientais.


Prática Clínica

Carreiras e clínicas sem planejamento e controle contam com a sorte para serem bem sucedidas. Nesse sentido o primeito ponto é ter clareza sobre quais suas metas e por quais meios pretende alcançá-las. O planejamento de carreira é fundamental para aumentar a eficiência da sua clínica. A pergunta que permanece é: Qual o seu objetivo final em investir em conhecimento (nesse curso)?